1.Planejando o consumo:
Estamos em constante conflito entre o que desejamos adquirir e o que nossos recursos
financeiros permitem. Tal conflito exige que planejemos
nosso consumo. Os desejos são ilimitados, enquanto os recursos são limitados.
Temos o conflito entre consumir hoje ou
poupar e postergar o consumo. Muitas vezes, queremos consumir mais do que nossa
renda actual nos permite. Muitos não conseguem se controlar e acabam se
endividando de maneira irresponsável. Consumir não é errado; pelo contrário, o
consumo atende nossas necessidades e nossos desejos. O consumo possibilita que
alcancemos sonhos, como realizar a viagem tão desejada. Para evitar que o
dilema entre o querer e o poder nos coloque em uma enrascada financeira,
devemos planejar o consumo.
A) O consumo planejado:
Consumir
de maneira planejada e consciente não significa restringir gastos e deixar de
comprar.
Não se trata de fazer menos de tudo. O que estamos falando aqui é fazer mais
daquilo que é mais relevante para você e menos daquilo que é menos relevante
para sua realidade, seus anseios e de sua famÃlia.
O planejamento financeiro possibilita consumir mais e melhor.
Consumir “mais” por meio da potencialização do dinheiro e “melhor” via eliminação
de desperdÃcios.
Quando
você paga uma conta em dia, evitando a cobrança de uma multa por atraso, por exemplo, está potencializando seu
dinheiro.
Quando você desliga as luzes de ambientes vazios, fecha as torneiras enquanto
escova os dentes ou se planeja para evitar que produtos tenham a validade
vencida, você consome melhor.
Ou, ainda, quando você poupa por alguns meses e
consegue comprar sua televisão nova à vista, além de economizar os juros que
seriam pagos em um financiamento, você pode conseguir um desconto por pagar Ã
vista e, com isso, ter acesso a um aparelho melhor.
B) Vantagens de planejar o consumo:
Em
um ambiente de inflação controlada, é mais fácil se planejar. Por esse motivo,
o trabalho do BCB para manter a inflação sob controle é muito importante para a
gestão das suas finanças e das finanças de todas as famÃlias brasileiras.
As famÃlias que planejam adequadamente o consumo
conseguem obter uma série de vantagens.
Conheça algumas delas.
- Controlar o endividamento pessoal: o consumidor consciente de seus
gastos (e de suas receitas) pode se controlar melhor. Mesmo que ele passe por
dificuldades, pode sair delas mais rapidamente do que outro que não planeja seu
consumo, evitando, assim, que um
pequeno problema se transforme em uma grande bola de neve;
- Auxiliar na preservação e no aumento do patrimônio: o consumidor que
consome planejadamente tem mais condições de destinar parte de sua renda para a
poupança. Afinal, o planejamento auxilia a manter a disciplina;
- Eliminar gastos desnecessários: “o leite acabou” ou “fiquei sem café”
– quem vivencia esse tipo de situação corre para o lugar mais próximo e acaba
comprando produtos mais caros. Quem planeja incorre em menos gastos
desnecessários e compra mais barato.
- Utilizar os juros a seu favor: com planejamento, você otimiza o uso do
crédito, reduzindo o pagamento de juros, evita o pagamento de multas por falta
de organização e tem maior capacidade de poupar. Quem poupa pode receber rendimentos
e se beneficiar dos juros trabalhando a seu favor.
- Maximizar os recursos disponÃveis: por meio de atitudes como pesquisar
preços, negociar descontos ou aproveitar situações como a sazonalidade
(exemplo: comprando frutas da estação, você aproveita produtos de melhor
qualidade e menor preço) e a baixa temporada,
quando aumenta o poder de barganha do consumidor.
Consumir mais não significa necessariamente gastar mais. Consumo planejado é
fazer mais com a mesma quantidade de recursos.
C) Dificuldades para planejar:
Temos
dificuldade para planejar por diversos motivos.
1.Busca do prazer imediato: na busca da satisfação de um desejo
imediato, muitas vezes pagamos um preço maior por isso;
2.Pouca formação financeira: devido ao desconhecimento sobre conceitos e
produtos financeiros, não usamos adequadamente as possibilidades que o mercado
financeiro oferece para um melhor planejamento em direcção aos nossos sonhos;
3.Memória inflacionária: por muitos anos, o brasileiro viveu em um
ambiente de hiperinflação, que, no Brasil, durou até 1994, com a introdução do
Plano Real. Apesar de já vivermos por quase duas décadas em um ambiente de
inflação sob controle, a memória inflacionária ainda influencia a maneira como
planejamos nosso consumo, assim como moçambicanos.
No ambiente de hiperinflação, fazia sentido “gastar imediatamente” o dinheiro
recebido, caso contrário o valor do dinheiro ia sendo corroÃdo com o tempo. Por
isso, muita gente corria para o supermercado assim que recebia o salário. As
famÃlias faziam estoques. Era difÃcil se lembrar dos preços dos produtos, pois
eles mudavam a toda hora.
O consumidor ficava perdido e sem referência para saber
se determinado produto estava caro ou barato. Era complicado se planejar nesse
ambiente. Quem viveu essa época sabe bem disso. Agora, os tempos são outros. A
mudança de hábito permite consumir mais e melhor, mas, para isso, é necessário
ter disciplina.
Fonte: Banco Central do Brazil
Edição: Faruk Muando
Imagem: Photofaro